Continuação de (1)
No post anterior chegámos a duas conclusões: os resultados das escolas privadas são claramente melhores em 2,14 pontos (= 13,50-11,36) e há tendência das piores escolas "compensarem" os seus alunos com uma avaliação menos exigente (a diferença entre as médias de exame e as notas internas de exame é 1,21 pontos nas melhores e 4,90 pontos nas piores).
Vejamos agora no quadro seguinte dois indicadores estatísticos relacionados com a dispersão dos valores das notas de exame e internas.
Os valores dos desvios-padrão (uma medida da dispersão ou variação em relação à média) são claramente superiores nas escolas privadas, quer nas notas de exame, quer internas (1,69 e 0,88, respectivamente) em relação às públicas (1,08 e 0,62), Já quando à amplitude dos intervalos da variação (diferença entre a nota mais alta e a mais baixa) os valores são muito mais próximos, sobretudo nas notas de exame. Uma explicação possível é que as escolas privadas têm maior heterogeneidade do que as escolas públicas, isto é, coexistem alunos muito bons com alunos fracos ou medíocres.
O quadro seguinte regista os mesmos indicadores, mas agora na dicotomia entre melhores e piores escolas.
As piores escolas apresentam maior dispersão das notas (1,29 e 0,77, contra 0,66 e 0,60) e maior amplitude dos intervalos de variação (só há uma escola pública nas 40 melhores e por isso o intervalo de variação é 0). No nível das melhores e piores escolas, a comparação entre escolas públicas e privadas não tem significado, visto que entre as melhores só há uma escola pública e entre as piores só há duas escolas privadas.
O quadro seguinte refere-se ao coeficiente de correlação linear entre notas de exame e notas internas, isto é, à medida da relação linear entre essas duas variáveis. Os coeficientes mais próximos de +1 correspondem a uma correlação perfeita das duas variáveis que aumentam e diminuem em paralelo, os valores negativos mais próximos de -1 significariam que as duas variáveis se movem em sentidos opostos e o valor 0 significaria que as duas variáveis não estão relacionadas.
Dos valores do quadro, podemos concluir que a relação entre notas de exame e internas é claramente mais fraca no caso das escolas públicas em resultado do factor já identificado no post anterior onde se constatou que as piores escolas "esticam" muito mais as notas dos seus alunos (1,21 pontos nas melhores, aumenta para 4,90 pontos nas piores) e as piores escolas pesam mais entre as públicas.
No próximo post, vamos analisar a influência da localização das escolas nas notas, segmentando notas de exame e internas e escolas públicas e privadas.
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(Continua)