Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
21/12/2024
As consequências do desastre da "operação especial" de Putin na Síria
20/12/2024
BRICS-à-brac
Visual Capitalist |
Seja porque a parte europeia do chamado "Ocidente" tem vergonha de existir, um complexo de culpa instilado desde sempre pela esquerda amante das ditaduras, seja porque do lado dos BRICS, por razões diferentes que vão desde a necessidade crescente de afirmação como grande potência da China até à tentativa do Império Russo de esconder o declínio, o certo é que se foi criando a ideia completamente sem fundamento da importância relativa dos dois blocos.
19/12/2024
Dúvidas (344) - O que podemos esperar das reacções ao acordo UE-Mercosur?
Há poucos dias a presidente da Comissão Europeia anunciou entusiasticamente a conclusão, depois de 25 anos de negociações, do Acordo de Parceria UE-Mercosur como «o mais abrangente de sempre no que respeita à proteção de produtos alimentares e bebidas da EU: mais de 350 produtos da UE estão protegidos por uma indicação geográfica. Além disso, as normas sanitárias e alimentares europeias continuam a ser intocáveis. Os exportadores do Mercosul terão de respeitar rigorosamente estas normas para aceder ao mercado da UE. Esta é a realidade de um acordo que permitirá às empresas da UE poupar 4 mil milhões de euros em direitos de exportação por ano.» Palavras cuidadosamente estudadas para salientar umas consequências e omitir outras.
Que este acordo seja um passo certo no caminho certo para aprofundar o comércio internacional no interesse dos países signatários é objectivamente pouco questionável, pelo menos desde Adam Smith, por muito que dentro de alguns países europeus os respectivos agricultores o vejam como uma ameaça que do ponto de vista dessas classes é também inquestionável. Como reagirão essas classes a este acordo?
O texto seguinte que foi escrito em Fevereiro, muito antes do anúncio da conclusão do acordo, prenunciava já realisticamente as prováveis reacções.
«Em toda a Europa, uma revolta dos camponeses está se formando. Da Bélgica à Alemanha, Holanda, Polônia, Roménia e Espanha, os agricultores estão em pé de guerra. Um sector acostumado a privilégios exorbitantes - afinal, cerca de um terço do orçamento da UE vai para subsídios à política agrícola comum - os viu escapar. É, em muitos aspectos, uma história familiar, de uma casta privilegiada sentindo seu status em declínio. Pois o que é a Europa senão uma tentativa de manter as coisas como eram antes em um mundo em mudança? (....)
18/12/2024
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (68) - O Sr. Trump não escapa ao talento de um luso-descendente e os mídia lusitanos não escapam ao apelo patriótico
17/12/2024
Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (40)
Para o Dr. João Costa, o último ministro da Educação do governo socialista que governou o país nos últimos oito anos, os maus resultados (comentados no post «As gerações "mais educadas de sempre" são das mais incompetentes da OCDE») que o relatório da OCDE mostra e que colocam os adultos portugueses nos penúltimos lugares de literacia e numeracia e no quinto lugar a contar do fim na competência para resolver problemas, são sobretudo culpa do Dr. Crato ministro da Educação de 2011 a 2015.
A insustentável sustentabilidade da Segurança Social
O Dr. Centeno que exorta à poupança, mas ele próprio não poupa nos discursos é para «levar muito a sério» diz o Dr. Pedro Nuno (que é para levar pouco a sério)
O Dr. Centeno que sentiu a necessidade (freudiana) de esclarecer que não está a fazer oposição, mas apenas a «aconselhar» o governo a não «transbordar o copo», aconselhamento que o Dr. Pedro Nuno diz que é para «levar muito a sério» porque o Dr. Centeno «sabe do que fala», o que não caso do próprio Dr. Pedro Nuno que fala disso depois de ter aprovado o referido aumento extraordinário das pensões.
O resto é paisagem ou de como o resultado das políticas “descentralizadoras” é a centralização
mais liberdade |
Take Another Plan. SATA, uma TAP das Ilhas
Recordemos que a SATA, a companhia regional de aviação dos Açores, assinou em 2016 um contrato de leasing de um avião Airbus A330 que custou até 2023 mais de 40 milhões de euros, com o avião estacionado desde 2019 no aeroporto Sá Carneiro, por custar mais caro mantê-lo a operar. Entretanto a SATA recebeu ajudas de 453 milhões de euros e só em 2023 a comissão de inquérito do parlamento açoriano se deu conta. Descobriu-se agora que a SATA está tecnicamente falida, ninguém parece saber qual o montante exacto do passivo e procura-se um candidato privado para comprar o mono, querendo dizer um benemérito que, como é sabido, fora do Estado sucial é coisa que não existe.
16/12/2024
Crónica de um Governo de Passagem (31)
Os sinais estão aí para quem os queira ver. A indústria automóvel europeia em crise com o inevitável impacto em muitas dezenas de milhares de empresas fornecedoras a montante, a Alemanha à beira de uma recessão, a França sem governo e com uma crise de dívida, os bárbaros às portas, o comércio internacional ameaçado pelos delírios trumpianos, o Portugal dos Pequeninos a viver de um turismo que em poucos meses pode minguar o suficiente para nos colocar de cócoras.
Faz o que eu digo, não o que faço
Para quem não saiba ou não se lembre, a CReSAP é uma entidade que avalia os candidatos a nomeações para cargos públicos. Criada pelo governo de Passos Coelho foi completamente ignorada pelos governos do Dr. Costa com os resultados que se viram de colocação de gente incompetente ou corrupta ou com ambas as características. O governo do Dr. Montenegro começou por respeitar um chumbo da CreSAP mas à falta de candidatos com mérito reconhecido nomeou para a Direção-Geral das Autarquias Locais um candidato que já tinha previamente nomeado em regime de comissão de serviço usando o mesmo expediente dos governos socialistas.
Não vos preocupeis. É só um grupo de trabalho para os resíduos (continuação)
Boa Nova
Foram licenciados 28.004 fogos até Outubro, um aumento de 0,7% em comparação com o período homólogo, o maior valor desde 2008.
Choque da realidade com a Boa Nova
A má notícia é que a maioria dos fogos licenciados são apartamentos T3 vocacionados para famílias numerosas, famílias que, como é sabido, nas últimas décadas são pouco numerosas.
Por essa e outras razões, os preços das casas aumentaram 26% nos meses de Setembro a Novembro em relação ao final do ano passado. Entre as outras razões estará certamente o aumento da procura resultante do crédito à habitação cujos montantes cresceram 36% até Outubro.
15/12/2024
Mitos (346) - Da produção de graduados não nasce o desenvolvimento (3)
Continuação dos posts Da produção de graduados não nasce o desenvolvimento (1) e (2).
Já depois de ter escrito o post As gerações "mais educadas de sempre" são das mais incompetentes da OCDE, lembrei de ter lido recentemente o artigo «Is India’s education system the root of its problems?» onde se compara o relativo sucesso das políticas educacionais da China com o relativo insucesso das políticas educacionais da Índia diferença que, entre outras causas, explica como partindo ambos os países em 1970 com um PIB per capita praticamente igual chegaram à actualidade com a China a ter um valor cinco vezes maior.
No início do século em ambos os países menos de 10% das crianças frequentavam a escola, a diferença é que a China a partir dos anos 50 deu prioridade a aumentar a escolaridade primária e secundária enquanto a Índia deu prioridade a criar universidades de nível elevado em vez de expandir o ensino primário. No início dos anos 80, mais de 90% das crianças chinesas frequentavam uma escola primária e menos de 2% frequentavam a universidade, contra 70% e 8% na Índia, respectivamente,
No final da década de 80 os níveis de iliteracia eram de 22% na China e de 60% na Índia e, no que respeita à universidade, a China tinha uma clara maioria de graduados em engenharia e tecnologia e a Índia em ciências sociais. Os resultados foram duas mãos-de-obra completamente diferentes: a chinesa preparada para uma migração da agricultura para a indústria progressivamente mais avançada e a indiana para os serviços e a burocracia.
Para nossa infelicidade, as políticas educacionais do Portugal dos Pequeninos estão mais próximas da indianas do que da chinesas, não pelos problemas de baixa escolaridade primária e secundária mas pela falta de qualidade do ensino nestes níveis. Tal como em Portugal, onde uma parte significativa dos graduados nas áreas de ciência e tecnologia têm de emigrar para ter emprego decente, na Índia dos 1,5 milhões estudantes de engenharia que se formarão este ano estima-se que apenas 10% consigam emprego no ano seguinte.