Movida pelo ódio visceral ao politicamente correcto, às políticas identitárias, à diversidade e ao feminismo militante e toda a tralha progressista, e incapaz de perceber que tem responsabilidades na emergência dessa tralha, a direita conservadora europeia nega as suas raízes e ajoelha-se no culto do trumpismo idiótico e incoerente, com tiques autoritários, ao mesmo tempo que se aproxima de ditadores como Putin ou de imitações baratas como Órban, por quem intimamente se sente fascinada.
No caso português, esquecendo os crentes que se deslumbram com as baboseiras trumpistas, meia dúzia de intelectuais outrora respeitáveis estão a deixar-se contaminar e tentam activamente higienizar, relativizando as baboseiras face aos desvarios de sinal contrário que eles acham que só podem ser combatidos pela caldeirada ideológica cozinhada por chefs que se digladiam nos bastidores e temperada por tecnogarcas que não acreditam uma só linha da vulgata do MAGA para consumo de milhões de americanos ressabiados. É um erro que manchará a suas ideias, tal como o fascínio pelo fascismo nos anos 30 e 40, por razões semelhantes, manchou os intelectuais de direita dessa época.